O Que é a Doença Celíaca?

O Que é a Doença Celíaca?

A Doença Celíaca (DC), também conhecida como enteropatia autoimune induzida pelo glúten, é uma condição médica crônica e sistêmica desencadeada pela ingestão de glúten , uma proteína encontrada em trigo, cevada, centeio e outros cereais relacionados.

Na doença celíaca, o sistema imunológico reage de forma anormal ao glúten, causando inflamação crônica e danos à mucosa do intestino delgado, especialmente na região do duodeno e jejuno proximal.

Essa lesão compromete a capacidade do intestino de absorver nutrientes adequadamente, levando a deficiências nutricionais e outras complicações.

Este artigo foi cuidadosamente elaborado pelo Portal Saúde AZ para explicar o que é a doença celíaca, suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e importância no contexto da saúde pública, além de ilustrar sua aplicação prática por meio de 3 casos clínicos diferenciados .

O Que é a Doença Celíaca?

A doença celíaca ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente a mucosa do intestino delgado após a ingestão de glúten.

O principal mecanismo envolve a ativação de linfócitos T específicos que reconhecem peptídeos derivados do glúten como antígenos.

Como resultado, há destruição das vilosidades intestinais, estruturas microscópicas responsáveis pela absorção de nutrientes.

A perda dessas vilosidades reduz a área de superfície intestinal, comprometendo a digestão e absorção de alimentos.

• Princípio de Funcionamento:
  • Ingestão de glúten → Ativação do sistema imunológico → Destruição das vilosidades intestinais → Má absorção de nutrientes.
• Vantagem do Diagnóstico Precoce:
  • Identificar a doença celíaca precocemente permite iniciar uma dieta sem glúten, prevenindo complicações graves e melhorando a qualidade de vida.

Causas da Doença Celíaca

Embora a causa exata da doença celíaca ainda não seja totalmente compreendida, vários fatores podem contribuir para seu desenvolvimento:

1. Fatores Genéticos

• Predisposição hereditária: Cerca de 95% dos pacientes com DC apresentam os haplótipos HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 .
• A doença é mais comum em indivíduos com histórico familiar de DC ou outras doenças autoimunes.

2. Exposição ao Glúten

• A ingestão de glúten é o gatilho essencial para o desenvolvimento da doença.
• A quantidade e frequência de exposição ao glúten podem influenciar a manifestação da DC.

3. Fatores Ambientais

• Infecções intestinais na infância.
• Introdução precoce ou tardia do glúten na dieta infantil.

4. Outros Fatores

• Alterações na microbiota intestinal.
• Estresse físico ou emocional pode desencadear ou agravar os sintomas.

Sintomas da Doença Celíaca

Os sintomas da doença celíaca variam amplamente entre os indivíduos e podem afetar diferentes sistemas do corpo. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

Manifestações Gastrointestinais

• Diarreia crônica.
• Dor abdominal e inchaço.
• Perda de peso inexplicada.
• Esteatorreia (fezes gordurosas e mal cheirosas).

Manifestações Sistêmicas

• Fadiga crônica.
• Anemia por deficiência de ferro.
• Deficiência de vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K).
• Osteoporose ou osteopenia devido à má absorção de cálcio e vitamina D.

Manifestações Extraintestinais

• Dermatite herpetiforme (erupção cutânea pruriginosa).
• Doenças autoimunes associadas (como diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto e artrite reumatoide).
• Problemas neurológicos, como neuropatia periférica e enxaquecas.

Diagnóstico da Doença Celíaca

O diagnóstico da doença celíaca envolve uma combinação de exames laboratoriais, endoscopia e biópsia intestinal. Os principais métodos incluem:

1. História Clínica e Exame Físico:
   • Avaliação detalhada dos sintomas e histórico familiar.
2. Exames Laboratoriais:
   • Testes Sorológicos: Pesquisa de anticorpos específicos, como anti-transglutaminase tecidual (tTG-IgA) e anti-endomísio (EMA-IgA).
   • Teste Genético: Detecção dos haplótipos HLA-DQ2 e HLA-DQ8.
3. Endoscopia Digestiva Alta e Biópsia Intestinal:
   • Coleta de amostras da mucosa do intestino delgado para avaliar atrofia das vilosidades.
4. Testes de Absorção Nutricional:
   • Avaliação de níveis de ferro, vitamina B12, folato e outras vitaminas/minerais.

Casos Clínicos: 3 Exemplos Diferenciados de Doença Celíaca

A seguir, apresentamos três cenários clínicos que destacam diferentes aspectos da doença celíaca:

Caso 1: Doença Celíaca Clássica

Paciente: Ana, 30 anos, com diarreia crônica, dor abdominal e perda de peso.

• Procedimento:
  • Teste sorológico positivo para anticorpos anti-tTG-IgA.
  • Endoscopia mostrou atrofia vilositária na biópsia intestinal.
• Resultado:
  • Diagnóstico confirmado de DC.
  • Iniciada dieta isenta de glúten.
• Conclusão:
  A adesão à dieta melhorou significativamente os sintomas gastrointestinais.

Caso 2: Doença Celíaca Silenciosa

Paciente: João, 40 anos, assintomático, mas com anemia por deficiência de ferro persistente.

• Procedimento:
  • Teste genético confirmou presença de HLA-DQ2.
  • Biópsia intestinal revelou atrofia vilositária leve.
• Resultado:
  • Diagnóstico confirmado de DC silenciosa.
  • Prescrita dieta sem glúten para prevenir complicações futuras.
• Conclusão:
  O diagnóstico precoce evitou progressão para sintomas graves.

Caso 3: Doença Celíaca com Manifestações Cutâneas

Paciente: Maria, 25 anos, com dermatite herpetiforme recorrente.

• Procedimento:
  • Biópsia de pele confirmou depósitos de IgA.
  • Testes sorológicos positivos para anticorpos anti-tTG-IgA.
• Resultado:
  • Diagnóstico confirmado de DC associada à dermatite herpetiforme.
  • Iniciada dieta sem glúten e tratamento com dapsona.
• Conclusão:
  A combinação de dieta e medicação controlou tanto a pele quanto os sintomas sistêmicos.

Tratamento da Doença Celíaca

O tratamento da doença celíaca é baseado principalmente na exclusão completa do glúten da dieta . Não há cura para a DC, mas a adesão rigorosa a uma dieta sem glúten pode permitir a recuperação da mucosa intestinal e prevenir complicações.

1. Dieta Sem Glúten

• Evitar alimentos que contenham trigo, cevada, centeio e contaminantes cruzados.
• Incluir alimentos naturalmente isentos de glúten, como arroz, milho, quinoa e batata.

2. Suplementação Nutricional

• Reposição de ferro, cálcio, vitamina D e outras deficiências identificadas.

3. Monitoramento Regular

• Acompanhamento médico e nutricional para garantir adesão à dieta e melhora clínica.

4. Educação do Paciente

• Ensinar o paciente a identificar fontes ocultas de glúten e interpretar rótulos alimentares.

Estatísticas e Dados

• Cerca de 1% da população mundial tem doença celíaca.
• No Brasil, estima-se que 2 milhões de pessoas sejam portadoras da DC.
• Apenas 20-30% dos casos são diagnosticados , devido à variabilidade dos sintomas.

Link para dados epidemiológicos oficiais

FAQ

A doença celíaca tem cura?
Não há cura, mas uma dieta isenta de glúten controla os sintomas e previne complicações.

Quais alimentos contêm glúten?
Trigo, cevada, centeio e produtos derivados, como pães, massas e bolos.

Como é feito o diagnóstico?
Por meio de testes sorológicos, biópsia intestinal e avaliação clínica.

Qual é o papel do nutricionista no tratamento?
O nutricionista orienta sobre a dieta sem glúten e garante uma alimentação balanceada.

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