Indice
- 1 1. Avaliação Pré-operatória Profunda
- 2 2. Planejamento do Tipo de Anestesia
- 3 3. Indução Anestésica
- 4 4. Manutenção da Anestesia e Monitoramento Incessante
- 5 5. Controle da Respiração
- 6 6. Controle Hemodinâmico e da Perda Sanguínea
- 7 7. Reversão da Anestesia e Despertar
- 8 8. Monitoramento Pós-operatório Imediato
1. Avaliação Pré-operatória Profunda
O anestesiologista realiza uma análise minuciosa do paciente antes da cirurgia, conhecida como consulta pré-anestésica. Esse processo é crucial para determinar os riscos individuais. Ela inclui:
- Histórico médico completo: O anestesiologista revisa todas as condições pré-existentes, como doenças cardíacas, pulmonares, diabetes, hipertensão, alergias e uso de medicamentos.
- Exames complementares: Testes como hemograma, função renal, função hepática, eletrocardiograma, e, em alguns casos, ecocardiograma ou exames de função pulmonar são analisados para entender melhor o estado clínico do paciente.
- Avaliação de alergias e reações anteriores à anestesia: É fundamental saber se o paciente já teve alguma reação adversa a anestésicos ou outros medicamentos para evitar complicações graves, como choque anafilático.
2. Planejamento do Tipo de Anestesia
A escolha do tipo de anestesia depende do tipo de cirurgia, da condição clínica do paciente e de suas preferências, quando aplicável. Existem três tipos principais de anestesia, cada um com suas particularidades:
- Anestesia Geral: O paciente fica completamente inconsciente e sem qualquer percepção da cirurgia. Durante a anestesia geral, além dos anestésicos que o mantêm sedado, o anestesiologista também administra agentes paralisantes musculares (relaxantes neuromusculares) para garantir que o paciente não se mova involuntariamente e facilitar o trabalho do cirurgião. O controle da via aérea é feito por meio de um tubo endotraqueal ou uma máscara laríngea, permitindo que a respiração seja assistida por ventilação mecânica.
- Anestesia Regional: Anestésicos são aplicados em torno de nervos específicos, como em uma raquianestesia ou peridural, que bloqueiam a sensação de dor em regiões maiores do corpo, como as pernas ou o abdômen. Isso é comum em cirurgias ortopédicas ou cesarianas. O anestesiologista monitora constantemente a propagação do bloqueio e, em alguns casos, mantém o paciente sedado, mas consciente.
- Anestesia Local ou Sedação: O anestesiologista pode optar por anestesiar apenas uma pequena área do corpo, ideal para procedimentos menores. Em muitos desses casos, uma sedação leve é administrada para manter o paciente relaxado.
A combinação desses métodos, como a anestesia geral com bloqueio regional, também é uma estratégia para controlar a dor pós-operatória.
3. Indução Anestésica
A indução anestésica é o momento em que o paciente passa do estado de consciência para a anestesia. Para a anestesia geral, isso envolve a administração intravenosa de uma sequência de medicamentos, como:
- Indutores hipnóticos (propofol, etomidato ou midazolam) para iniciar o sono profundo.
- Opioides potentes (fentanil, remifentanil) para garantir a analgesia e suprimir respostas autonômicas à dor.
- Bloqueadores neuromusculares (rocurônio, vecurônio) para paralisar os músculos esqueléticos, facilitando a intubação e evitando movimentação durante a cirurgia.
Ao final desse processo, o paciente está completamente inconsciente, e sua respiração pode precisar ser controlada por ventilação mecânica, dependendo da profundidade da anestesia.
4. Manutenção da Anestesia e Monitoramento Incessante
Uma vez que o paciente está anestesiado, o anestesiologista entra em ação para manter esse estado de forma contínua e segura. Isso é feito através de:
- Administração de agentes anestésicos voláteis ou intravenosos contínuos: Durante a cirurgia, gases anestésicos como sevoflurano ou desflurano podem ser administrados em uma mistura de oxigênio e ar para manter a anestesia. Alternativamente, drogas intravenosas como propofol podem ser infundidas continuamente. A escolha do agente depende da duração e tipo de cirurgia, bem como da resposta do paciente.
- Monitoramento contínuo das funções vitais: O anestesiologista utiliza uma gama de equipamentos sofisticados para monitorar em tempo real:
- Frequência cardíaca e ritmo cardíaco via eletrocardiograma.
- Pressão arterial (geralmente medida de forma não invasiva a cada 3-5 minutos, ou de forma contínua em cirurgias de risco, com cateterização arterial).
- Saturação de oxigênio no sangue (oximetria de pulso).
- Pressão parcial de dióxido de carbono (CO2) no ar expirado, garantindo que o paciente esteja ventilando de forma adequada.
- Profundidade da anestesia, que pode ser medida pelo índice biespectral (BIS), um método não invasivo que avalia a atividade cerebral para garantir que o paciente esteja inconsciente, mas não em um estado de anestesia excessivamente profundo.
- Temperatura corporal, importante em cirurgias prolongadas ou em pacientes mais frágeis.
O anestesiologista também faz ajustes contínuos nas dosagens dos medicamentos para adaptar à resposta fisiológica do paciente à cirurgia. Isso inclui, por exemplo, administrar mais fluidos intravenosos ou vasopressores para manter a pressão arterial estável, ou reduzir a dose de anestésicos se sinais de sobredosagem forem detectados.
5. Controle da Respiração
Sob anestesia geral, o controle da respiração é uma das tarefas mais críticas. Dependendo da anestesia usada e da cirurgia, o anestesiologista pode optar por intubar o paciente. Com o tubo endotraqueal posicionado, ele ajusta a ventilação mecânica para garantir que o paciente esteja recebendo a quantidade correta de oxigênio e eliminando adequadamente o dióxido de carbono. Ele pode ajustar:
- Volume corrente (a quantidade de ar que entra nos pulmões a cada respiração).
- Frequência respiratória (quantas vezes por minuto o paciente “respira”).
- Fração de oxigênio inspirado (FiO2), ajustando a concentração de oxigênio para níveis superiores ao ar ambiente, se necessário.
Durante todo o procedimento, o anestesiologista também cuida da via aérea, assegurando que não haja obstruções ou complicações que comprometam a respiração.
6. Controle Hemodinâmico e da Perda Sanguínea
Em cirurgias complexas ou de grande porte, o anestesiologista também deve monitorar a perda sanguínea. Em caso de hemorragias, ele coordena a reposição de sangue e derivados (como hemácias, plasma ou plaquetas) ou soluções intravenosas (cristaloides ou coloides) para garantir que o volume sanguíneo e a pressão arterial sejam mantidos em níveis seguros.
Ele também deve estar atento à função renal, regulando a administração de medicamentos e líquidos, para evitar danos aos órgãos.
7. Reversão da Anestesia e Despertar
Ao final da cirurgia, o anestesiologista começa a reduzir gradualmente os anestésicos. Esse processo, conhecido como emergência anestésica, é realizado de forma cuidadosa para garantir que o paciente recupere a consciência de maneira controlada e segura.
- Desbloqueio neuromuscular: Se relaxantes musculares foram usados, agentes reversores, como a neostigmina, são administrados para permitir que o paciente recupere a função muscular e respire sem a ajuda do ventilador.
- Controle da dor pós-operatória: Durante e após a cirurgia, o anestesiologista utiliza uma combinação de analgésicos potentes (opioides, anti-inflamatórios, anestésicos locais) para evitar que o paciente acorde sentindo dor intensa.
8. Monitoramento Pós-operatório Imediato
Após a cirurgia, o anestesiologista acompanha o paciente na sala de recuperação pós-anestésica, onde o monitoramento continua. Ele garante que o paciente esteja se recuperando adequadamente da anestesia, sem complicações como náuseas graves, dor mal controlada ou alterações respiratórias.
O anestesiologista é um guardião invisível durante a cirurgia, cuidando da sua segurança a cada segundo, garantindo que todas as funções vitais estejam equilibradas enquanto o cirurgião realiza o procedimento. Ele é quem mantém você vivo em todas as circunstâncias.